CIGANO RAMIRES
Algum tempo depois, Gênova engravidou novamente e, no dia 24 de junho de 1580, para completar a felicidade do casal, nasceu um menino, no qual Gênova colocou o nome de Ramires. Assim se completou o grupo familiar de Bergem e Gênova, formado por quatro pessoas. Bergem era muito mais velho do que sua esposa, mas eles eram um exemplo de felicidade e amor.
Quando RAMIRES estava com quatro anos, no ano de 1584, sua família ia para Madri e, no meio da viagem, o tempo mudou e caiu uma forte tempestade. As carroças do comboio deslizavam na estrada cheia de lama e poças d’água; a escuridão era imensa.
Em dado momento, todos escutaram um barulho muito forte: uma das carroças tinha virado. Era um quadro desesperador. O velho cigano Bergem, sua jovem esposa Gênova, sua filha HUÉLVA, de apenas seis anos, e seu filho RAMIRES, de apenas quatro anos de idade, estavam debaixo da carroça.
O cigano PEDROVIK, irmão de Bergem e chefe do grupo, veio logo socorrer o irmão e sua família; mas, infelizmente, não pôde fazer mais nada, além de desvirar a carroça e colocar dentro dela os corpos do irmão, da cunhada e da sobrinha. Só o sobrinho estava vivo, sem nenhum arranhão no corpinho.
PEDROVIK tomou conta de pequeno Ramires que, daquele dia em diante, tornou-se uma criança diferente. Ele ficava sempre isolado, vivia só, seu comportamento era bem distinto do dos outros meninos do grupo.
O tempo foi passando. Ramires tornou-se homem feito. Mas era de poucas palavras, seu comportamento continuava estranho, não mudara nada desde o tempo de criança, quando ficava isolado de todos.
Certo dia, seu tio PEDROVIK chamou-o na tenda e disse:
“- Vamos conversar, meu filho. Já és um homem
eu decidi que irás casar com a minha protegida ZANAIR, neta da falecida ZAIRA.”
RAMIRES não teve escolha e assim foi concretizado o casamento, no dia 8 de abril de 1610, quando era plena primavera em Madri.
O casamento, realizado por PEDROVIK, seguiu o ritual tradicional. ZANAIR estava belíssima com uma túnica rebordada de pedras reluzentes, a saia muito rodada que reluzia com os reflexos da fogueira, e uma coroa de flores naturais em tons claros na cabeça.
Depois de realizado o ritual de união dos dois, PEDROVIK deu ao casal dois potes cheios de grãos, para que nunca faltasse alimento na sua tenda. Em seguida, ZIMBIA TARAM, uma cigana idosa do grupo, cortou um fio de cabelo de RAMIRES e outro de ZANAIR; colocou-os dentro de um copo de cristal junto com os fios de crina de cavalo e de égua e outros objetos; e fez a magia do amor para que sempre houvesse sexo entre o casal, e para que eles tivessem muitos filhos.
Passados nove meses do casamento, ZANAIR deu à luz um lindo menino, a quem deu o nome de Izalon; e de ano em ano ela dava à luz mais um filho. Ela teve ao todo nove filhos, três meninos e seis meninas, que nasceram na seguinte ordem:
IZALON, POGIANA, TARIM, TAINARA, TAMIRIS, DIEGO, THAÍS, LEMIZA e TALITA.
O fundo do coração de RAMIRES sempre foi um mistério. Ele teve de se adaptar à vida de família, superando muitos traumas da infância; entretanto, a seu modo, foi um esposo carinhoso. Foi também um ótimo pai, e criou seus filhos com muito amor e carinho.
Os membros dessa família desceram pela primeira vez à Terra como espíritos no ano de 1910..
Esse cigano era moreno-claro, de cabelos pretos lisos e olhos esverdeados.
SUAS ROUPAS
A roupa preferida de Ramires era blusão branco com mangas compridas fechadas por abotoaduras de ouro em forma de botões. Por cima desse blusão ele usava um colete de veludo verde rebordado com pedrinhas coloridas. Na cintura trazia uma faixa dourada, na qual prendia o seu punhal de prata com cabo de esmeralda. Sua calça era de veludo azul-turquesa.
SEUS ADEREÇOS
RAMIRES costumava usar na cabeça um lenço vermelho amarrado para o lado esquerdo. Na orelha direita trazia uma pequena argola de ouro; e no pescoço, um cordão de ouro com uma moeda de ouro antiga como pingente.
SUA MAGIA
RAMIRES fazia magia com dois espelhos em forma de triangulo. Ele os colocava no chão, um deles com uma das pontas voltadas para o Sul. Em cada ponta desses espelhos ele acendia uma vela branca e, no meio deles, colocava um copo com água e um cravo branco. Em seguida, ele pedia a Diuela que curasse uma pessoa doente.
A fase da Lua da sua preferência era a cheia.
FONTE:
Ciganos do Passado Espíritos do Presente
ANA DA CIGANA NATASHA (Autora)
Editora PALLAS
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Optchá
CEIÇA CIGANINHA
Taróloga